Análise Sintática: Termos Integrantes


Termos Integrantes da Oração

São termos que servem para complementar o sentido de certos verbos ou nomes, pois seu significado só se completa com a presença de tais termos. Os termos integrantes da oração são: 

1. Complemento Verbal
Objeto Direto: Termo não regido por preposição. Completa o sentido do verbo transitivo direto. 
Ela vendia doces
(quem vende, vende algo)
Eles esperavam um amigo
(quem espera, espera alguém)

OBS: Quando se quer dar ênfase, o objeto direto pode aparecer repetido na oração. Neste caso, será chamado de objeto direto pleonástico.
Eu comprei este livro ontem.
(quem compra, compra algo)
Este livro, eu o comprei ontem.

Sabemos que objeto direto é o complemento que se liga ao verbo diretamente, isto é, sem o auxílio de preposição. Entretanto, há exceções em que o objeto direto pode aparecer precedido de preposição, geralmente a preposição a, sem que isso o transforme em objeto indireto. Neste caso, será chamado de objeto direto preposicionado.

Eu amo a Deus sobre todas as coisas.
(Quem ama, ama alguém, não a alguém.)

O verbo amar é transitivo direto (X ama Y), mas mesmo assim apareceu a preposição a. Como você vê, existem contextos em que podemos empregar a preposição em relação a complementos que se ligam a verbos transitivos diretos. Normalmente, quando isso acontece, há razões semânticas por trás do preposicionamento desse objeto direto. Há casos em que o uso do objeto direto preposicionado é facultativo, e outros em que tal uso pode ser considerado até mesmo "obrigatório", uma vez que sua função é promover a desambiguação da frase. Vejamos mais detalhadamente como isso se processa:

Uso facultativo:

•  Com o pronome todos:
Márcia beneficiou todos.
(Quem beneficia, beneficia alguém) 
Márcia beneficiou a todos. (Obj. Dir. Prep.)

•  Com verbos que exprimem sentimentos:
A garota amava os que a rodeavam.
Detesto Paulo e a sua corja.
(Quem ama/detesta, ama/detesta alguém)
A garota amava aos que a rodeavam. (Obj. Dir. Prep.)
Detesto a Paulo e à sua corja. (Obj. Dir. Prep.)

•  Nas antecipações do objeto, comuns em provérbios: 
O boi pega-se pelo corno e o homem, pela palavra. 
Ao boi pega-se pelo corno e ao homem, pela palavra. (Obj. Dir. Prep.)

•  Como reforço à clareza:
Cumprimentei-oos que com ele estavam.
Expulsou-oos comparsas.
Sem a preposição, podemos imaginar que o segundo elemento do objeto direto seja sujeito de uma oração que está faltando verbo.
Cumprimentei-oaos que com ele estavam. (Obj. Dir. Prep.)
Expulsou-oaos comparsas. (Obj. Dir. Prep.)


Uso obrigatório:

• Para evitar ambiguidade, mais precisamente, para não haver confusão entre o sujeito e o objeto.
Daniel, Mariana contratou.
O urso, o caçador surpreendeu.
Sem a preposição, teríamos a possibilidade de entendimento ambíguo. Neste caso, não se teria certeza de quem contratou quem nem quem surpreendeu quem. É claro que, como você já deve ter se questionado a essa altura, a ordem direta das frases resolveria muito bem a dificuldade:
Mariana contratou Daniel.
O caçador surpreendeu o urso.
Mas se o escritor quiser manter a ordem inversa, a preposição é indispensável para a clareza da frase.
A Daniel, Mariana contratou. (Obj. Dir. Prep.)
Ao urso, o caçador surpreendeu. (Obj. Dir. Prep.)  

•  Quando o objeto direto é constituído de formas pronominais oblíquas tônicas.
Viu-mea si própria refletidos no espelho. (Obj. Dir. Prep.)
(Quem vê, vê alguém)
Escolheu a eles seus conselheiros. (Obj. Dir. Prep.)
(Quem escolhe, escolhe alguém)
Sem a preposição, usa-se o pronome oblíquo átono:
Escolheu-os seus conselheiros.

•  Quando se quer indicar ideia de parte, porção usando verbos como comer e beber.
Gertrudes comeu a torta.
Miguel bebeu o chá.
Esses verbos são claramente transitivos diretos e consideramos que os sujeitos consumaram a ação, ou seja, comeram e beberam tudo. Agora observe os seguintes exemplos:
Gertrudes comeu da torta.
Miguel bebeu do chá.
Entendemos, nessas novas versões, que ambos os sujeitos comeram e beberam parte da torta e um pouco do chá, funcionando o objeto direto preposicionado, nesse caso, como indicador de partitivo.

•  Quando o objeto direto é a palavra ambos.
A chuva molhou a ambos

•  Quando o objeto direto é formado pelo pronome relativo QUEM.
Queremos conhecer o professor a quem admiras tanto



Objeto Indireto: Completa o sentido do verbo transitivo indireto e é regido por preposição
Aline gosta de frutas
(Quem gosta, gosta de algo)
Não confio em políticos
(Quem confia, confia em alguém)

OBS: O objeto indireto pode aparecer repetido na oração para se dar ênfase, trata-se do objeto indireto pleonástico.
A mim ensinaram-me muito bem. 
(Quem ensina, ensina a alguém)



2. Complemento Nominal
É o termo que completa o sentido de nomes (substantivos, adjetivos e advérbios), ligando-se a esses nomes por meio de preposição quando se comportam de maneira similar aos verbos transitivos.
A comunidade aguarda construção da estrada.
(Se há construção, há construção de algo)
O pensamento de Marx gerou revoluções.
(Se há um pensamento, há pensamento de alguém)
O avião fez uma mudança de rota.
(Se há uma mudança, há mudança de algo)

O que essas expressões têm em comum? A resposta é: o fato de trazerem um nome ligado a um complemento, que chamamos de complemento nominal. Há certos nomes que apresentam alguma transitividade, isto é, seu sentido fica incompleto sem um complemento. Por exemplo, tal como o verbo construir é transitivo e pede complementação (quem constrói, constrói algo), o nome construção também pede complementação (se há construção, há construção de algo). O complemento dessas palavras é o complemento nominal.

construir a estrada -> verbo transitivo direto + objeto direto
construção da estrada -> substantivo + complemento nominal



3. Agente da Passiva
Ocorre em orações cujo verbo se apresenta na voz passiva a fim de indicar o agente que executa a ação verbal.
As terras foram invadidas pelos sem-terra
A cidade estava cercada de belezas naturais


OBS: O agente da passiva, o objeto indireto e o complemento nominal são regidos por preposição, muitas vezes há dúvidas na diferenciação dos três. Quando isso acontecer, basta observar o sujeito da oração. Para ser agente da passiva o sujeito precisa ser paciente.
O mar recuado procede de tsunamis. (Obj. Ind.)
(O que procede, procede de algo.)
O mar iniciou a elevação de tsunamis. (Compl. Nom.)
(Se há uma elevação, há elevação de algo)
O mar estava cercado de tsunamis. (Ag. da Pas.)
(estava cercado = voz passiva)