Funções da Linguagem




Função referencial ou denotativa: transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta. Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos, jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais. Exemplos:

Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”.
(O Popular, 16 out. 2008.)

"Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de alterações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas coletivamente denominadas inflamação." (Descrição da inflamação em um artigo científico.)


Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. Não é o fato, mas o ponto de vista do emissor que está em destaque, sua percepção dos acontecimentos. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico. Exemplos:

“Porém meus olhos não perguntam nada. / O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. / Quase não conversa. / Tem poucos, raros amigos / o homem atrás dos óculos e do bigode.”
(Poema de sete faces, Carlos Drummond de Andrade)


“Não só baseado na avaliação do Guia da Folha, mas também por iniciativa própria, assisti cinco vezes a “Um filme falado”. Temia que a crítica brasileira condenasse o filme por não ser convencional, mas tive uma satisfação imensa quando li críticas unânimes na imprensa. Fantástico! Parabéns, Sérgio Rizzo, seus textos nunca me decepcionam.”
(Luciano Duarte. Guia da Folha, 10 a 16 de junho 2005.)


Função conativa ou apelativa: O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar no imperativo (compre! faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários, em discursos políticos, horóscopos e textos de  auto-ajuda. Exemplo:

“Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos!”


Função metalinguística: Essa função refere-se à metalinguagem, que é quando o emissor explica um código usando o próprio código. Por exemplo, quando um poema fala da própria ação de se fazer um poema, ou quando 
um cartunista descreve o modo como ele faz seus desenhos em um cartum. Exemplos:

“Lutar com palavras é a luta mais vã. Entretanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça.” 
(Carlos Drummond de Andrade)


Função fática: 
O interesse do emissor é testar ou chamar a atenção para o canal de comunicação, isto é, verificar a "ponte" de comunicação e certificar-se sobre o contato estabelecido, de forma a prolongá-lo. Os cacoetes de linguagem como: alô?!né?certo?afinal?ahã! hum...  São exemplos usados para verificar a comunicação ou estendê-la.


Função poética ou estética: 
É aquela que põe em evidência a forma da mensagem. O foco recai sobre o trabalho e a construção da mensagem. A mensagem é posta em destaque,  chamando a atenção para o modo como foi organizada. Há um interesse pela mensagem através do arranjo e da estética, valorizando as palavras e suas combinações. Essa função aparece comumente em textos publicitários, provérbios, músicas, ditos populares e linguagem cotidiana. Quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras e rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Exemplo: 
negócio/ego/ócio/cio/0.
(Na poesia acima, “Epitáfio para um banqueiro”, José de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia de um banqueiro.)

Canção
Ouvi cantar de tristeza,
porém não me comoveu.
Para o que todos deploram.
que coragem Deus me deu!
Ouvi cantar de alegria.
No meu caminho parei.
Meu coração fez-se noite.
Fechei os olhos. Chorei.
[...]
(Cecília Meireles)